Minha história de superação

Bárbara Britto Cruz, paulistana de nascimento e baiana de criação, nasceu em 05/06/2007.

Aos 5 anos, Bárbara repentinamente sentiu fortes dores na perna direita. Após uma consulta ao ortopedista, eis a suspeita do diagnóstico: tumor ósseo no fêmur. Entre a primeira consulta médica ocorrida em Jequié, interior da Bahia, onde vivíamos, e a mudança para São Paulo, cidade escolhida para realização dos exames complementares e tratamento, acaso necessário, foram apenas 7 dias!

Confesso que foi um turbilhão de emoções.  O medo de que a suspeita médica se confirmasse e de que a minha única filha, com apenas 5 anos de idade, estivesse com câncer era assustador! Imaginar a confirmação do diagnóstico e o início do tratamento assombrou todas as 24 horas dos dias que se seguiram.

Finalmente, após exames e idas e vindas a médicos, lembro como hoje do dia 19/12/2012, o dia em que foi confirmado o avassalador diagnóstico: Osteossarcoma no fêmur direito. Tratava-se de um tumor muito agressivo, de crescimento rápido, que era caracterizado pela possibilidade de metástase para os pulmões. Nem imaginei que poderia agradecer a Deus pelo diagnóstico dado. Sim, porque não havia metástase…

Inicialmente, me foi informado que o protocolo médico a ser adotado seria: 1º) sessões de quimioterapia pré-operatória, na tentativa de reduzir o tumor, as quais durariam em torno de 04 meses; 2º) cirurgia, para extração do tumor, sendo esta o menos invasiva, adotando-se técnicas para preservação do membro; 3º) sessões de quimioterapia pós-operatória.

Ocorre que, mesmo iniciadas as sessões de quimioterapia,o crescimento do tumor era alarmante. As dores eram mais freqüentes.  A perna direita de Bárbara já estava imobilizada totalmente. Ela já não andava. Enfim, não havia reação ao tratamento…

Assim, verificado o avanço assustador da doença, a cirurgia deveria ser antecipada e com a retirada do membro. Pedia a Deus para me guiar no melhor caminho a ser tomado para preservação da vida da minha filha!

E, então, em 21/02/2013, a cirurgia de amputação foi realizada. E, sim, foi um sucesso! Em pouco mais de um mês, as dores cessaram. Que alívio! As quimioterapias foram retomadas e, ao lado disso, eu presenciava uma criança de 5 anos querendo brincar, fazer novos amigos no hospital e com um sorriso inacreditável. Pois é, ela quem mais me deu forças. Sem saber, ela foi minha inspiração de fé!

A adaptação de Bárbara à sua nova condição de pessoa com deficiência, então, era impressionante!

Destemida, ela assumiu logo sua nova condição.  E passou a progredir no que podia: saiu da cama para a cadeira de rodas. Após, do andador para as muletas.

Os olhares curiosos que a acompanhavam, os brinquedos no parque infantil que não eram adaptáveis a sua condição, os obstáculos de locomoção, nada lhe diziam. Apenas eram fatos a serem contornados. E isso ela soube fazer.

Seu progresso, a cada dia, era notável. O trabalho de reabilitação começou a todo vapor na AACD.

E para incrementar o seu desenvolvimento, Bárbara começou a fazer natação aos 7 anos. Uma peixinha! 

Aos 12 anos, Bárbara começou a treinar, durante o período de suas férias escolares, no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, em São Paulo, através da Escola Paralímpica de Esportes do Comitê Paralímpico Brasileiro, tendo participado das competições: “Circuito Escolar Paralímpico 2019” e “Paralimpíadas Escolares 2019”, representando o Estado da Bahia.

Das quatro provas que disputou nas “Paralimpíadas Escolares 2019”, competição realizada no território X, Bárbara conseguiu uma medalha de prata e duas de bronze.

Hoje, aos 13 anos, Bárbara participa de competições realizadas nas cidades de Itabuna/BA e Salvador/BA. Também, já competiu em Fortaleza/CE e São Paulo/SP. E, claro, frequenta a escola, tem amigas inseparáveis, curte uma rede social, adora fazer penteados no cabelo mais lindo que já vi, além de nadar todo santo dia!

Bárbara adora desafios! Em novembro de 2020, ela participou de um evento de Aquatlon, cujo objetivo era correr 1,250Km, nadar 500m e correr mais 1,250Km. O público alvo não era pessoas portadoras de necessidades especiais. Mas, isso não foi obstáculo. De muletas e com muita raça, ela foi lá e conquistou o primeiro lugar na sua categoria!

O próximo desafio será a protetização, programada para janeiro de 2021. Alguém aí dúvida do resultado dessa prova?

Bárbara é uma menina espetacular! Sua garra e resiliência são suas características mais admiráveis. O mundo é pequeno para ela!

Te amo!!

Com carinho, de sua mãe.

Voltamos a morar em Jequié-BA. Empolgada com o esporte, filiou-se à Confederação de Natação. Ali, passou a fazer parte do projeto “Alimente este Sonho”, idealizado pelo Professor Márcio Roberto Santos, que tem como objetivo colaborar com a formação e desenvolvimento (cognitivo, psicomotor, afetivo e social) de futuros atletas, viabilizando a participação dos nadadores em competições oficiais organizadas pela FBDA (Federação Baiana de Desportos Aquáticos) e CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos).